Não suporto ter que suportar as coisas suportáveis.

Posted: terça-feira, 17 de agosto de 2010 by Rafa in
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Quando eu tinha uns quinze anos de idade comecei a escrever, a princípio eram letras das músicas da banda que eu iria ter, até guitarra eu tinha, mas não sabia tocar(ainda tenho e continuo sen saber tocar). Depois de um tempo, convencido de que aquele lance de banda não daria certo comecei a escrever poemas, que não se diferenciava muito daquilo que eu chamava de letra de música. Sentia-me o poeta, Renato Russo passava longe daquilo que eu via como meu futuro.

Eu tinha o prazer em mostrar para todos os meus escritos, minhas obras de artes. Hoje sinto vergonha de um dia ter feito isso. Quando me lembro das letras eu penso: “Quanta bobagem!”. Eu falava sobre o amor sem nunca ter vivido-o, falava de paixão, de mulher, não rimava nada, mas eu era um poeta.

As coisas vão evoluindo, com o tempo fui escrevendo coisas mais maduras, o amor passou a ser menos encantador como o de antes, porque eu o vivi. As paixões passaram a ter mais críticas e eu não escrevia mais sobre as mulheres, pois eu passei a conhecê-las, a partir daí não conseguia mais entendê-las. Hoje não escrevo mais poemas, passei a ler mais, a conhecer os poetas e descobri que não sou um poeta. Passei a escrever crônicas, escrever críticas de tudo, descobri que sou como um velho rabugento cansado de tudo. Talvez depois de um tempo eu volte a olhar o que escrevo hoje e percebo que sou um péssimo cronista, talvez porque até lá, com certeza eu vivi muito mais coisas, e sentirei saudades do que hoje eu já me cansei.

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